Artigo

Conexões

Por Neiff Satte Alam
Professor
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"De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará." Índio-americano Chefe Seattle. Em sua carta ao presidente Franklin Pierce (EUA).

Estabelecer parâmetros de qualidade para determinado sistema ecológico não é questão ideológica, mas questão de sobrevivência da espécie humana. Quando pessoas e/ou instituições se preocupam em demarcar limites para ações que promovam impactos sobre sistemas em clímax (estágio de equilíbrio dinâmico) ou, o que é pior, em estágio avançado de sucessões secundárias (instáveis em razão de ações poluentes e em processo de substituição na busca de um novo clímax), estarão contribuindo para uma qualidade ambiental desejável, diferentemente dos que não respeitam nenhum limite, isto é, colocam situações de natureza financeira ou conveniências pessoais acima dos interesses da grande maioria que depende de sistemas ecológicos equilibrados para um mínimo de qualidade de vida.

O homem só poderá entender esta lógica colocando-se na posição de ser vivo componente do sistema, isto é, não ver o ambiente ecológico como se não fizesse parte, mas inconsequentemente pudesse usufruir integralmente, sem ter que pagar o preço devido.

Os impactos ambientais de uma crescente má utilização dos biomas têm provocado danos cada vez mais graves. Alterações que em décadas passadas não pareciam trazer prejuízo, hoje fazem-nos beirar iminente catástrofe ambiental, pois a linha que nos separa do momento em que os desequilíbrios não recuperarão o mesmo equilíbrio dinâmico, sendo frágil, promoverá proposta de auto-organização da biosfera absolutamente independente da nossa vontade e, o que é pior, das nossas necessidades e conveniências como integrantes do ecossistema.

Quando se defende o equilíbrio e um mínimo de sustentabilidade, não se está protagonizando nenhum modismo ou sectarismo, mas sendo consequente em alertar para os desmandos que já provocaram aquecimento global sem precedentes, ruptura da camada de ozônio, alterações de clima, desaparecimento de animais e vegetais, sucessões daninhas em biomas antes equilibrados e em velocidade incompatível para uma recuperação e retorno a estágios primitivos de equilíbrio.

Os avanços científicos não poderão ser protagonistas de processos de deteriorização e desequilíbrios de nossos biomas, mas, ao contrário, deverão buscar alternativas para que nossa casa-Terra se constitua em planeta possível de se viver e em harmonia com os demais seres. Considerando nossa realidade e que o futuro será construído de acordo com os caminhos que escolhermos, é urgente uma mudança de atitude das pessoas, dos governos e das instituições não governamentais. Se não mudarmos, esta realidade transformará a biosfera em uma armadilha para a espécie humana.

A receita mais simples é sermos humildes e entendermos nosso papel de participante efetivo do ecossistema e buscarmos os caminhos da harmonia em direção a uma auto-organização equilibrada e dinâmica, sem agressões e fazendo valer que o que nos distingue dos demais seres é nossa capacidade de darmos significado ao que conhecemos, portanto mais responsáveis que todos os outros seres da Terra. Nossa criatividade e imaginação poderão salvar o planeta e colocar em ordem o caos que se afigura no horizonte.

É com uma visão distinta da atual e com capacidade de percepção mais aguda sobre as conexões que se apresentam, mas nem sempre percebidas, pois nosso olhar ainda é de um estranho e não de um habitante e membro deste planeta que se mantém em permanente estado de auto-organização, buscando no próximo passo novo equilíbrio, que vamos participando da evolução, não como mero observadores, mas como participantes ativos.

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